Muitos pais e professores têm dúvidas sobre o que pode ser considerado um déficit de atenção. Sabemos que o diagnóstico só deve ser realizado por um médico, que se utiliza de avaliações interdisciplinares com neuropsicólogo, psicopedagogo, fonoaudiólogo.
Caso haja confirmação do TDAH na criança, adolescente ou adulto, há tratamento. O neurologista ou psiquiatra irá avaliar a necessidade de medicamento, porém há outros meios de estimulação com treinos cognitivos, estimulação neuropsicológica, psicoterapia com enfoque comportamental, entre outras.
O tipo de tratamento será definido na avaliação interdisciplinar, pois assim os profissionais podem otimizar o tempo e otimizar os ganhos obtidos.
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Leia abaixo a entrevista concedida pelo psiquiatra dr. Paulo Mattos á Revista Crescer
1) Como é o diagnóstico de TDAH? É necessário algum tipo de exame, como ressonância magnética e eletroencefalograma?
Paulo Motta: O diagnostico é inteiramente clínico, feito com base nos sintomas, da mesma maneira que outros problemas, como a síndrome do pânico e a depressão. Não é necessário exame de ressonância, eletroencefalograma ou qualquer outro que avalie características físicas. Os pais não precisam se sentir inseguros por conta do diagnóstico ser feito sem exames, pois na psiquiatria é assim mesmo que funciona. Outros profissionais, como pediatras e neurologistas especializados na doença, também podem auxiliar no processo de diagnóstico.
2) Quando uma criança só demonstra dificuldade de se concentrar em uma situação, por exemplo, na escola, pode ser TDAH? Existem níveis diferentes da doença? Como distinguir quem tem TDAH de uma criança que é simplesmente muito ativa?
P.M.: Não, as dificuldades de atenção devem ocorrer em pelo menos duas situações diferentes para que o diagnóstico seja realmente fechado. Quando ocorrem casos como o da pergunta, o mais provável é que aquela situação específica seja um problema e é isso que deve ser investigado. Quanto aos níveis da doença, sim, o TDAH pode variar de leve a grave (de acordo com a intensidade dos sintomas). A diferença entre o transtorno e uma característica da criança recai na intensidade do comportamento, da hiperatividade e da impulsividade – é difícil e muitas vezes só um especialista poderá dizer se é algo que precisa ou não ser acompanhado e tratado.
3) Existe algum indicativo, alguma característica, que elimine a possibilidade de uma criança ter TDAH com segurança?
P.M.: Não, isso não existe pois o TDAH é algo que todos nós temos. Em medicina dividimos os problemas naqueles que são diagnósticos de categoria e de dimensão. Os primeiros são do tipo “tem” ou “não tem”, por exemplo, uma pessoa tem ou não HIV, tem ou não hepatite. Já os do segundo tipo são os que caracterizam o diabetes ou a pressão alta. Todos temos açúcar no sangue e pressão arterial, o que importa é saber se os níveis estão dentro do aceitável/normal ou não. O TDAH é desse segundo tipo: todos nós teremos sintomas de hiperatividade e de déficit de atenção, mas em algumas pessoas há uma combinação e uma intensidade nos sintomas que atrapalha seu desenvolvimento e seu dia a dia, sempre comparado aos padrões de crianças da mesma idade
4) O TDAH pode ser decorrente de alguma alta habilidade não trabalhada ou ignorada nas crianças? Já diagnosticou alguma criança com TDAH como superdotada?
P.M.: Na verdade o TDAH não tem relação direta com nenhum outro problema. É um transtorno neurobiológico, altamente genético e pode ocorrer em qualquer tipo de criança, tanto nas com inteligência normal, como nas com inteligência abaixo do normal e também nas superdotadas. São coisas independentes e que podem ocorrer ou não ao mesmo tempo.
5) Qual é a diferença entre os medicamentos estimulantes e não estimulantes usados para o tratamento? Qual é o mais usado hoje e quais os efeitos colaterais possíveis?
P.M.: Os estimulantes (metilfenidato e anfetaminas) são a primeira escolha porque são os mais eficazes; os não estimulantes incluem alguns antidepressivos (mas não todos) e a atomoxetina. Os mais usados são os estimulantes, que podem causar, numa minoria de casos, insônia, diminuição do apetite, irritabilidade e irritação gástrica. Todos esses sintomas desaparecem geralmente após um curto tempo depois do início do tratamento.
6) É possível tratar a doença sem medicamentos, só com atividades físicas?
P.M.: Não. Casos leves de desatenção ou hiperatividade não são classificados como TDAH e quando há diagnóstico fechado os medicamentos são necessários. Atividade física não é tratamento, é muito importante para uma criança hiperativa, até para o gasto de energia, mas não tem efeito sozinha.
7) Os medicamentos podem causar dependência química? A criança vai precisar tomar por toda a vida ou eles podem ser retirados em dias que ela não precisa de concentração (como um fim de semana, por exemplo)? Ou eles funcionam como os antidepressivos, que precisam de diminuição da dosagem antes de serem retirados?
P.M.: Os medicamentos são de uso controlado exatamente porque não devem ser tomados por quem não precisa ou de maneira desregulada. Se tomados do modo como prescrito pelo médico, esses medicamentos muito raramente se associam a dependência, algo que se observa em quem não é portador de TDAH e usa os estimulantes com outros propósitos. Além disso, os estudos mostram que o tratamento diminui, e não aumenta, o risco de uso de drogas no futuro. Quanto a interrupção do tratamento, pode ser feita rapidamente e mesmo ser suspensa em um dia mais tranquilo, como fim de semana, sem problemas. Como o TDAH é uma doença que em geral se estabiliza com a chegada à idade adulta, a pessoa para de tomar remédios na grande maioria dos casos.
8) Como saber se uma menina tem TDAH, já que os meninos são diagnosticados mais facilmente por conta da hiperatividade presente nos primeiros anos de vida? Os sintomas aparecem mais tarde ou são diferentes?
P.M.: As meninas costumam apresentar mais sintomas de déficit de atenção mesmo. Por conta disso, fica mais fácil perceber depois que elas entram na escola. O grau de desatenção acaba comprometendo sua vida acadêmica, principalmente. Não é que ela não tivesse o problema antes, mas é mais difícil identificá-lo.
9) Como é a vida social da criança com TDAH? Muito prejudicada, diferente das crianças sem o problema?
P.M.: A vida social dessas crianças e adolescentes pode ser prejudicada porque eles são mais rejeitados pelos colegas por conta de suas características (os sintomas do transtorno). Quando medicados e acompanhados por profissionais, não há problema algum, já que a criança fica com comportamento igual ao das outras da mesma idade
10) Caso não seja tratado ainda criança, o problema pode trazer consequências na vida adulta? Quais? Há alguma pesquisa específica sobre isso?
P.M.: Há inúmeras pesquisas mostrando que o TDAH está associado ao fracasso acadêmico, abandono escolar, acidentes de trânsito, uso de drogas, álcool e divórcio, entre outras situações negativas na vida adulta. Por isso, diagnóstico e tratamentos são tão importantes para seu filho ter uma vida normal.
FONTE: https://revistacrescer.globo.com/Criancas/Comportamento/noticia/2013/05/tdah-como-descobrir-o-transtorno-e-lidar-com-o-seu-filho.html
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